quarta-feira, 6 de maio de 2009

Todo mundo é Deus.


"Passo a língua pelos lábios, sinto o gosto do sal e do sangue; um gosto insalubre, nem doce nem cítrico... agridoce. Uma incerteza passeia em minha mente: "é este o gosto que sentimos ao nascer? Ou será o gosto da morte?"
Muito tempo se passa até que eu sinta os membros inferiores formigarem, sinto a textura da areia, os grão caminham desgovernados sobre minha pele.
Não sei o que é razão ou o que é sentido: tudo faz parte do sonho, que outrora permeara meu sono e minhas alucinações. Me faço acordar, a água já sufocando-me, à adentrar minhas narinas..."





Isso bem poderia ser um pesadelo, ou parte da poesia por vezes dramática do Sr. Edgar Alan Poe. Mas não o é. São minhas estas palavras, é meu este desespero, é mesmo tudo parte de um sonho indesejado e inoportuno.
O mar, por muitas vezes, fora o cenário dos meus piores pesadelos; agora é a praia. O mar e seus comparsas: as ondas, o sal, a areia.
Permita-me, Deus, não mais sonhar com o que tanto temo. Pois, das coisas que eu deveria saber, sei que o que estar por vir, o que quer que seja, virá pelas águas revoltas do mar.
À ponta do abismo, os rochedos apanham; a ressaca não há de passar tão cedo.
Ele me olha de volta, me chama... fecho os olhos.
Ainda não é hora de me entregar.

Um comentário:

Aline Shinoda disse...

Que interessante, há pouco menos de um mês, disse a uma amiga: "algo vai acontecer, e o que quer que seja, é o mar quem vai me dizer!"
E que ele diga...