domingo, 27 de abril de 2008

Passagem.

O Samhain não é um tempo só de morte, é também um tempo de recomeço, de novo início. É um tempo em que as sombras vem lhe dizer que há coisas a serem deixadas para trás para que outras novas possam acontecer.
O grão volta para a terra, pra dentro do Grande Útero; volte-se para dentro de si, do seu ser.
O que você é agora? O que você construiu? No que você se tornou?
Toda Luz produz uma Sombra proporcionalmente igual a ela. Você faz crescer a sua Luz, busca alcançá-la? E quanto a sua Sombra, que importância tem dado a ela?
Tempo de perguntas e de respostas.
Tenho medos, muitos, que sempre tentei esconder. Tenho medo do que não posso controlar. O destino é um deles.
Medo de mudar, de crescer, de parecer frágil e humana. Mas eu sou humana!
Medo do fracasso.
Reajo com agressividade algumas poucas vezes e com verdadeira inércia na maioria das vezes. Me rendo muito fácil ao que eu acho que não posso vencer. Não reconheço a fraqueza que há em mim. Não reconheço a minha culpa, o que eu atraio por livre e espontânea vontade e consciência.
Preciso me desfazer do que já foi, do que não quero mais. ver quando é necessário utilizar a minha Sombra, porque ela é apenas um paralelo da Luz que há em mim.
Uma extensão de mim, um potencial que deve ser trabalhado, necessário. Talvez eu só cresça satisfatoriamente quando reverenciar o seu verdadeiro valor, reconhecê-la e aceitá-la.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Vida, louca vida, vida breve...
A Lua já está no seu quinto dia, pronta pra crescer, pra encher, e eu esvaziando...
Vai logo, Lua, enche e me enche também, quero ser fértil, cheia e linda, como você, como irá ficar daqui há dois dias.
Muito sensível, mas um pouco mais determinada que nos últimos dias.
Nada como a Lua pra te inspirar novas expectativas, e novas realizações, por que não?
Procurando crescer, mudar e não rejeitar minha sombra, pois somos todos feitos de luz e sombras.

P.s.:Ouvindo Aimee Mann, "Save me" - Magnolia Soudtrack.
Lindo, lindo, lindo.
"Come on and save me...Why don't you save me? If you could save me, from the ranks of the freaks, who suspect they could never love anyone. Except the freaks, who suspect they could never love anyone, except the freaks, who could never love anyone."

sábado, 12 de abril de 2008

Isso não é um divã.



Não durmo há dias. Noite muito calma, coração apertado. Lá vem o desespero outra vez, sufocador, opressor, intransigente.
Não posso deixar ela me vencer. Tento me convencer disso a cada vez que abro os olhos, que me percebo respirando, que tento me levantar.
Agora ela não deixa nada crescer em volta dela, a não ser a dor, o rancor, a mágoa, o sofrimento.
Estou sob um leve desespero, que me leva pra bem longe dos meus anseios e sonhos.
Onde estão meus amigos? Será que eu ainda os tenho? Será que algum dia os tive?
Meus ossos doem, meu corpo está muito cansado. Difícil andar quando todas as suas articulações te impedem e se trancam.
E o tempo... o tempo demora a passar quando a gente fica longe de quem gosta, quando não estamos perto de quem a gente ama.
Já não tenho mais aquele comum medo da morte, tenho agora medo de ficar só.
Ficar só de não ter ninguém do meu lado quando eu precisar chorar, ou rir, ou simplismente olhar e ficar horas sem dizer nada.
Mas já estou ficando só, e é tudo culpa dela. Não quero mais essa insuportável companhia da solidão, da angústia, do medo de ficar cada vez mas sozinha.
Sem perceber, me prendi a um monte de situações que já não querem mais me libertar.
Ninguém mais ouve meus gritos, minha angústia, meu cansaço (que agora são apenas ecos em minha cabeça).
Eu tento me libertar, e o que eu consigo? Indiferenças, muito pior que ódio e desprezo.
No mais, deixo tudo isso pra lá, quando tenho uma boa xícara de café forte e com pouco açúcar pra me acompanhar em dias frios, ou quando tenho um copo grande e transparente cheio de suco de maracujá em dias quentes.
E chocolate, ás vezes. E chicletes. E qualquer coisa pra ler, porque ler ainda é uma das poucas coisas que me dá prazer e alegria; até esqueço quem sou, onde estou e o que eu não tenho quando estou mergulhada em um bom livro.
Ler? "Terapia de pobre", já dizia meu colega de escola... e eu sempre discordei.
Contudo, não se pode negar que é uma bela (e melhor) terapia, seja qual for a classe social.
Vou tentar escrever coisas mais alegres, quando estiver mais alegre, talvez.
E como sempre , o fim não tem nada a ver com o começo, por que os desfechos na minha vida são sempre confusos e indecifráveis. Como o que escrevo.


sexta-feira, 4 de abril de 2008

Vazio Agudo


Engraçado... há tão poucas coisas que me emocionam na vida...
Hoje meu dia não foi nada fácil, não teve nada de flores; se teve, foram apenas os talos com espinhos.
E eis que me pego, por um instante, prestando atenção ao que passa na tv (maldita tv): dois músicos que eu admiro muito tocando juntos no Programa do Jô. Como é lindo! Duas gerações diferentes, dois instrumentos diferentes, a mesma música e a mesma emoção. A música faz isso, atrai as pessoas, encanta, hipnotiza, transforma.
Eu, que estava até então num estado de quase transe, vagando em algum lugar que não este plano, voltei como que por mágica pra esta realidade injusta. A música foi os meus farelos de pão no caminho de volta. Voltei quase sem perceber, e quando vi, já sentia a lágrima escorrendo pelo meu rosto, aquele gosto de sal na boca, o desconforto no estômago, as dores pelo corpo...
Sinto falta de sorrir como sorria antes. Quando será que vem a cura? Será que existe cura pra isso? Sofrer de um mal que nem todos vêem, nem todos sentem, nem todos sofrem; não há descanso pro corpo, não há descanso pro coração.
Solidão, pra mim muito mais do que um mal: uma realidade. Minha realidade.
Escrevo estas linhas tortas pra despejar a cota do dia.
Yamandú e Dominguinhos tocam lindamente aquela melodia, e eu despejo os meus dejetos de solidão pelos olhos, pelas palavras mal escritas aqui.
Antes não tivesse acordado, não tivesse voltado.
Já não falo coisa com coisa. Melhor ir dormir, como diria José Paulo Paes, 'a pequena morte de cada noite' antes do sobreviver de cada dia.

terça-feira, 1 de abril de 2008

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Quem foi que inventou a bomba atômica? Quem foi que inventou a maldita televisão? Quem foi que inventou essa angústia, essa dor? Quem, nesse inferno em chamas, ousou inventar a insólita solidão?
Minha febre não baixa... malditas são as vozes em minha cabeça. Tanto tempo, tanto tempo, pra quê?
Não tenho nada pra fazer, pra sentir, pra morrer. Não tenho nada. Só eu só. E o tempo.