sexta-feira, 4 de abril de 2008

Vazio Agudo


Engraçado... há tão poucas coisas que me emocionam na vida...
Hoje meu dia não foi nada fácil, não teve nada de flores; se teve, foram apenas os talos com espinhos.
E eis que me pego, por um instante, prestando atenção ao que passa na tv (maldita tv): dois músicos que eu admiro muito tocando juntos no Programa do Jô. Como é lindo! Duas gerações diferentes, dois instrumentos diferentes, a mesma música e a mesma emoção. A música faz isso, atrai as pessoas, encanta, hipnotiza, transforma.
Eu, que estava até então num estado de quase transe, vagando em algum lugar que não este plano, voltei como que por mágica pra esta realidade injusta. A música foi os meus farelos de pão no caminho de volta. Voltei quase sem perceber, e quando vi, já sentia a lágrima escorrendo pelo meu rosto, aquele gosto de sal na boca, o desconforto no estômago, as dores pelo corpo...
Sinto falta de sorrir como sorria antes. Quando será que vem a cura? Será que existe cura pra isso? Sofrer de um mal que nem todos vêem, nem todos sentem, nem todos sofrem; não há descanso pro corpo, não há descanso pro coração.
Solidão, pra mim muito mais do que um mal: uma realidade. Minha realidade.
Escrevo estas linhas tortas pra despejar a cota do dia.
Yamandú e Dominguinhos tocam lindamente aquela melodia, e eu despejo os meus dejetos de solidão pelos olhos, pelas palavras mal escritas aqui.
Antes não tivesse acordado, não tivesse voltado.
Já não falo coisa com coisa. Melhor ir dormir, como diria José Paulo Paes, 'a pequena morte de cada noite' antes do sobreviver de cada dia.

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