sábado, 31 de dezembro de 2016

A gente tenta, mas...

Hoje é o último dia do ano.
Último dia de um ano que foi cheio de grandes mudanças, muitas perdas, poucas alegrias.
Chorei mais esse ano do que em minha vida inteira. De alegria, de tristeza. De dor.
Essas duas últimas semanas eu tenho sentido a solidão mais pura que existe: aquela de se estar rodeada de gente e ser cada vez mais só. Uma só.
Sempre recorri ao blog quando não tinha com quem conversar, mas dessa vez eu recorri a alguém que pudesse me ouvir. Que quisesse me ouvir. E quase não encontrei, nem sei se encontrei de fato.
Mas vamos lá.
Quero deixar aqui meu balanço de final de ano: foi uma merda, como eu tinha previsto no primeiro dia do ano.
De bom, teve a mudança de faculdade, as afirmações de amizades, uma viagem e um show histórico, pra guardar na memória.
Mas o que teve de ruim... Nem sei por onde começaria. Só as decepções, as expectativas frustradas, as pessoas que se aproximaram e que eu não deveria ter permitido... Olha, a lista é longa.
Então vamos tentar sobreviver à esse ano, à esse último dia. As horas agonizam, e mesmo assim ainda podemos ser surpreendidos por gestos que nos fazem ter esperança que o ano que virá será melhor.
Que venha com amor. Amém.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

21, o início do verão

Quando todas as palavras perdem o sentido, quando tudo perde um sentido e você não encontra palavras pra descrever o que sente.

Já fui muito boa nesta arte de escrever, ou pelo menos acreditava que era.
Hoje recebemos o Verão, mas como entender a falta do Sol no primeiro dia dessa estação tão solar?
Como acreditar que o calor irá derreter o inverno da alma que teima em permanecer? 
Se antes eu sentia as estações passarem no corpo, hoje eu vejo que o inverno vai durar mais um pouco dentro de mim.
Porque hoje eu sou só gelo. E dor. E uma série de decepções, minhas e de outros.
Não sei bem o que estou falando. 
Feliz Solstício de Verão.


domingo, 13 de novembro de 2016

Caixas, cobertores, xícaras.

Juntando os caquinhos do que restou de emocional em mim, visito cantos do meu quarto e da alma que abandonei ao relento e à poeira do tempo. A não metafórica. Tudo que toco nesse meu quarto me faz espirrar; o que toco na alma me faz chorar. Mas é um choro silencioso, contido, desses que você segura até doer a garganta, por não achar necessário ou por achar que é fraqueza.
No final acaba sendo tudo a mesma coisa: desnecessidade e fraqueza.
As coisas materiais com as quais não consegui lidar se acumularam em caixas de papelão, um punhado de memórias, momentos, encontros, términos, uma vida amontoada e desorganizada. Foi isso o que me tornei: acumuladora de caixas. Maior ainda é a bagunça na alma, os sentimentos desordenados, confusos, frágeis, deletérios...
Hoje em minha alma, existe um frio que de tanta dor que causa me faz querer chorar o tempo inteiro.
Espero pelo passar do frio, envolta num cobertor macio e acolhedor. No silêncio que me vejo imersa, enquanto aqueço o frio da alma, percebo que a cada gole de café da minha xícara de coruja eu preencho pequenos buracos deixados por sentimentos não correspondidos. Pelo deixar-se magoar, pelo desprezo despretensioso, pelo orgulho das pessoas amadas. Por tudo. Por mim. 
Porque eu não sou capaz de perceber a desumanidade das pessoas que eu permiti o encontro de jornada. Porque não compreendo que esse controle de quem chega, quem sai, quem fica, quem vai, quem leva e quem trás, não me compete. Porque eu não enxergo o que é melhor pra mim, que quem delimita essa importância não sou eu, e o que me cabe é me refazer quando o melhor é ser destruída e reduzida a pouco menos que um átomo. 
E não é estranho que até os átomos são importantes pra tudo que existe? Que eles são partes fundamentais sem os quais o todo de qualquer coisa no Universo não existiria?
Quantos buracos negros abertos em mim cada gole de café na minha xícara de coruja  irá conseguir preencher?
Por quê eu não sou capaz de me importar menos? 

Por quê? 


quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Não espere.

Reciprocidade é um conceito bonito.
Empatia, também.
Mas não encontrei uma palavra para o sentimento de descoberta quando se percebe a falta deles no desfecho das relações.
Amizade deveria ser um conceito bonito, o mais bonito de todos. E é.
Mas nada define o que é perceber que se enganou com as intenções de pessoas que você devotou esse conceito puro e simples.
Nada dói mais do que perceber que se confiou nas pessoas erradas. Que não deveria confiar em ninguém.
Nada dói mais do que perceber que você nunca teve a amizade, a reciprocidade e a empatia de alguém que você amou.
Eu nunca tive o(a) amigo(a) que pensei que tinha.
Nunca estive tão só como me percebo agora.
Obrigada por externar o que realmente pensa.
Obrigada por me fazer perceber. E não esperar.

Macabeística*

Tenho escrito muito pouco, esse ano não foi dos mais produtivos, até porquê esse tem sido um ano bem parado.
Só que eu sinto as coisas com muito mais intensidade, por conta da imensa racionalidade, talvez. É tudo sempre descompensado, e na maior parte do tempo é doloroso esse sentir. São dores físicas, emocionais, sentimentais. Sufocam, eu às vezes choro, às vezes só consigo apagar num sono cansado, entorpecer a mente com meu pessimismo inato e afundar num estado de sono profundo. E sonho, e recebo os sinais, e ignoro-os quase sempre.
Sabe, não sei, não está sendo fácil continuar respirando. 
Eu até que consigo lidar com todo o resto, a rotina técnica, o labor, o estudar, é fácil, é sistemático, a gente simplesmente vai e faz, executa, com isso eu consigo lidar. Mas a subjetividade, que tantas vezes foi minha zona de conforto, tem se tornado um fardo nessa parte da jornada. 
As relações, as socializações, o "ter que" desse mundo de sentimentos não dotados de reciprocidade... Nossa, até escrever sobre isso me dói.
Essas convenções da humanidade, quem disse que precisava ser assim?
Tenho sentido essa dor e me acostumei, tenho seguido sem a Aspirina nossa de cada dia, seguindo alérgica aos unguentos das nossas dores diárias, e como boa covarde que sou, desisto do pulo no abismo pra continuar a autoflagelagem do viver. Ou do fingir viver.

“É melhor eu não falar em felicidade ou infelicidade – provoca aquela saudade desmaiada e lilás, aquele perfume de violetas, as águas geladas da maré mansa em espumas pela areia. Eu não quero provocar porque dói”.

*A Hora da Estrela_ Clarice L.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Meu equinócio: uma parte de mim que se vai.


Começa a estação mais linda, cheirosa, colorida e indecisa de todas: a primavera.
Ainda na contagem, lá vou eu estudar meus medos (os que ainda tenho), meus vícios, meus sonhos e meu crescimento. Meu florescimento.
Não lamento mais minhas escolhas, e isso tira um peso das costas e da consciência.
Não me cobro mais o que não sou capaz de oferecer, não me meto mais em brigas que não são minhas.
Então, chegando ao início de mais um ciclo, um meio ou um fim? 
Não sei, nem preciso saber agora. É primavera, e que Ostara me traga sementes.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Jovem Velha

"Garotinha".
Eu odiava esse apelido. Odiava. Achava retardado, pejorativo, imbecil.
Me sentia rebaixada, sei lá, mais inferior do que eu já me sentia e era. 'Coisa de ensino médio', era mais fácil pensar assim e aceitar. Aceitei.
Com o passar do tempo, e muitos outros apelidos depois, sempre que ouço alguém me chamar de "garotinha" sinto um abraço afetivo, carinhoso, sincero.
Poucas pessoas me chamam assim hoje em dia, são raras e especiais, e sempre que o fazem ressaltam no jeito e no tom da voz que eu sou especial, não sou 'só mais uma little girl'.
Então tá mais que tarimbado, registrado, carimbado em minha alma: Garotinha.
Durante essa conclusão, eu recordei e senti saudade de uma garotinha insegura e destemida de alguns anos atrás. 

Daquela que não dançou a valsa dos 15 anos, que não teve festa de formatura do ensino médio, que pediu um violão à mãe de presente, que colecionava fitas k7 e revistas de música além dos papéis de carta e postais, que tinha RG falsificado pra poder ir ao cinema assistir filmes +18, que amava o pátio do Instituto Goethe, que tinha preguiça de alisar os cabelos, que já tinha lido todos os livros que o professor do 3º ano indicou pro vestibular muito antes da obrigação do vestibular... Que usava sempre um all star velho e sujo, que sempre trocava o caderno de cor, que não tinha medo de tomar chuva, que usava a calça mais larga e sem cinto, que tinha a camisa do colégio grafitada, que não admitia tortura medieval (vulgo depilação), que usava uma velha touca de crochê pra esconder os cabelos não penteados, que tinha coleção de brincos de miçanga, pulseira de linha... e que não gostava do apelido que as amigas colocaram, por não gostar do motivo do apelido.
Nossa, que saudades dela! 

Parece até que era outra pessoa, mas era eu, sou eu, essa garotinha que cresceu e que perdeu um pouco da leveza e do andar despreocupado em direção ao futuro, ou a lugar nenhum.
Tenho saudades, e às vezes me encontro com ela em segredo, mesmo quando todo mundo sabe que é ela e não eu. Essa "eu" de 30 anos que ainda atende pela alcunha de "Garotinha".

domingo, 20 de março de 2016

Primeiro Dia do Outono 2016.

Vi o outono chegar, ainda acordada nesta manhã de domingo.
Choveu, mas o tempo era claro.
Com esse clima, eu agradeço o que colhi até então. Meus passos, minha caminhada, o que carrego comigo hoje e o que sou graças ao que aprendi com as estações.
Equinócios me deixam sempre reflexiva, mas confortável.
Me lembram da equidade do tempo, do equilíbrio que tanto procuro.
Hoje eu simplesmente dormi, a maior parte do dia.
Mas o que há em meu coração, o que fica registrado em minha alma, jamais se apagará.
Ao meu tempo, encontrarei o que procuro há muitas outras vidas.
Bem vindo, Outono.


Feliz equinócio, feliz Mabon.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

02 de Fevereiro

 
"Oguntê, Marabô, Caiala e Sobá,
Oloxum, Ynaê, Janaina e Yemanjá
São rainhas do mar..."

"EU SOU a energia de todas as mulheres.
EU SOU a fragrância que inspira os corações femininos na jornada pela existência.
EU SOU a guardiã dos mistérios da fertilidade e do amor.
EU SOU a protetora espiritual dos que são fiéis aos votos espirituais de fazer o bem e de seguir conscientemente na seara da Espiritualidade.
EU SOU Aquela que dissolve os malefícios com o poder das águas primordiais.
EU SOU aquela que inspira as danças sagradas de todas as mulheres.
EU SOU aquela que acalenta o coração feminino.
EU ESTOU no leite de seus seios e na boca de seus filhos.
EU ESTOU abraçada com seus parceiros.
EU SOU todas as mulheres, seus desejos, seus sentimentos, suas dores e seus sonhos.
EU SOU terna, dinâmica, ativa, passiva, empreendedora, romântica, sábia, trabalhadora, mãe, amiga, esposa, amante... Mulher total e incondicional!
Personifico as mulheres sagradas de todos os templos e povos.
Aqui no Brasil gosto de manifestar-me como Yemanjá, a Mãe das águas. Preste atenção na sonoridade desse nome, pois trata-se de um mantra originado nos povos antigos do Oriente. Yemanjá significa espiritualmente o poder de dissolução das emoções pegajosas. Significa o fluir das águas da felicidade que dissolvem as dores causadas pelas emoções pesadas.
Yemanjá também é dança, alegria e sorrisos. É celebração de vida, é abraço de Mãe, é ternura de mulher, é perfume de bem-aventurança, é inspiração espiritual nos trabalhos de desobsessão e de pulverização das energias pesadas.
Yemanjá, a Rainha do mar, que não gosta de ver as pessoas tristes por causa das emoções daninhas. A Senhora das águas, que orienta a todos para que sejam felizes e celebrem a vida.
Diga a todos que não vale a pena ser infeliz por causa de amores que se vão, pois enquanto permanecer a tristeza, não haverá celebração. E a vida é sagrada! Precisa ser celebrada! E a vida é maior do que qualquer um que partir.
Pense no fluir das águas... na dança... no sorriso... na luz de Yemanjá!"


Leiam o texto, que é lindo.
Salve Yemanjá, Rainha do Mar!



ODÓ IYÁ !

*02.02.2009

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Transição.


De vez em quando eu abro os olhos no escuro, pra ver se enxergo alguns contornos desconhecidos que em breve irão se tornar familiares. Fiz isso poucas vezes durante essa jornada incerta que eu chamo de vida, e hoje, sem querer, abri os olhos no escuro outra vez.
Quando a luz apagou e a escuridão veio, eu estava cega de medo. Cerrei os olhos com tanta força que chegaram a doer, e a certeza de que minha memória falharia era angustiante.
Fui tentando abrir os olhos, devagar, pálpebras trêmulas, ainda sem muita confiança. Ainda doeram, com toda aquela escuridão que eu não reconhecia fora de mim.
Durou poucos segundos; os primeiros contornos começaram a surgir devagar, as formas, as coisas ganhando essência, personalidade, tato. Foi aí que uma luz muito intensa interrompeu esse reconhecimento, tudo ficou claro, muito claro de repente, e então meus olhos voltaram a doer com toda aquela luz.
Não sei se faz sentido pra você, mas é como eu associo as mudanças nessa minha existência, nesse mundo não permitido que é o meu, que sou eu, meu lugar de ser só.
É como agora enxergo essa possível mudança de universo acadêmico que está prestes a acontecer. Você deve se perguntar: 'E por quê mudar agora?'
Te respondo: porque eu mudei. Não foi por querer mudar, mas eu mudei. Algumas chegadas e partidas desconstruíram meu estado sólido, e hoje sou éter, e tão logo em estado de condensação, serei líquida.
Que o tempo me faça enxergar quando encontrar meu caminho. Que o tempo permita o meu reencontro com quem eu deveria ser.
E que seja leve.



sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O Fotolog e o pedaço da vida que desapareceu.

Confirmei hoje algo de que já suspeitava há um tempo: o site de compartilhamento de fotos, o Fotolog, está definitivamente offline. Encerrou suas atividades. Desapareceu com minha vida, com milhares de fotos, de histórias, de relatos...
Muito mais do que fotos foi compartilhado nesse site, e eles sumiram com tudo.
Me sentindo como alguém que perdeu parte da memória, de maneira irreversível, e que com isso perde também uma parte importante da sua jornada de vida.
Não deveria estar assim, foi só um site que deixou de existir... Mas levou com ele boa parte de uma vida que existiu. Que ainda existe.

Triste. Agora mais do que nunca, sozinha.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Eu odeio ano novo.

Nunca tive um primeiro dia do ano tão negativo ao ponto de saber que o resto dos dias serão ainda piores.
Sinceramente, não deveria ser uma festa social. Deveria ser um momento pra você estar apenas ao lado de quem gosta, somente, e refletir sobre o que fez de errado no ano anterior pra não repetir no ano que se inicia.
Mas sempre tem alguém pra estragar o ano novo de alguém... Assim que é.
O meu tá mais do que estragado. Tá uma merda. Não consigo dormir e tô com crise respiratória.

Enfim, bem vindo, 2016. Chegue e não repare a bagunça, por que ela vai permanecer aí até o seu dia de ir embora.