sábado, 12 de abril de 2008

Isso não é um divã.



Não durmo há dias. Noite muito calma, coração apertado. Lá vem o desespero outra vez, sufocador, opressor, intransigente.
Não posso deixar ela me vencer. Tento me convencer disso a cada vez que abro os olhos, que me percebo respirando, que tento me levantar.
Agora ela não deixa nada crescer em volta dela, a não ser a dor, o rancor, a mágoa, o sofrimento.
Estou sob um leve desespero, que me leva pra bem longe dos meus anseios e sonhos.
Onde estão meus amigos? Será que eu ainda os tenho? Será que algum dia os tive?
Meus ossos doem, meu corpo está muito cansado. Difícil andar quando todas as suas articulações te impedem e se trancam.
E o tempo... o tempo demora a passar quando a gente fica longe de quem gosta, quando não estamos perto de quem a gente ama.
Já não tenho mais aquele comum medo da morte, tenho agora medo de ficar só.
Ficar só de não ter ninguém do meu lado quando eu precisar chorar, ou rir, ou simplismente olhar e ficar horas sem dizer nada.
Mas já estou ficando só, e é tudo culpa dela. Não quero mais essa insuportável companhia da solidão, da angústia, do medo de ficar cada vez mas sozinha.
Sem perceber, me prendi a um monte de situações que já não querem mais me libertar.
Ninguém mais ouve meus gritos, minha angústia, meu cansaço (que agora são apenas ecos em minha cabeça).
Eu tento me libertar, e o que eu consigo? Indiferenças, muito pior que ódio e desprezo.
No mais, deixo tudo isso pra lá, quando tenho uma boa xícara de café forte e com pouco açúcar pra me acompanhar em dias frios, ou quando tenho um copo grande e transparente cheio de suco de maracujá em dias quentes.
E chocolate, ás vezes. E chicletes. E qualquer coisa pra ler, porque ler ainda é uma das poucas coisas que me dá prazer e alegria; até esqueço quem sou, onde estou e o que eu não tenho quando estou mergulhada em um bom livro.
Ler? "Terapia de pobre", já dizia meu colega de escola... e eu sempre discordei.
Contudo, não se pode negar que é uma bela (e melhor) terapia, seja qual for a classe social.
Vou tentar escrever coisas mais alegres, quando estiver mais alegre, talvez.
E como sempre , o fim não tem nada a ver com o começo, por que os desfechos na minha vida são sempre confusos e indecifráveis. Como o que escrevo.


Um comentário:

Pamela Simplício disse...

Li esse seu post no sábado, mas não tive tempo de comentar...
Sabe que quando li, eu tava me sentindo exatamente do mesmo jeito que você? oO

"Estou sob um leve desespero, que me leva pra bem longe dos meus anseios e sonhos."

E ah! Por coincidência (ou não!) o nome do meu post anterior foi "Pam no divã".
Acho que por um tempo desisti de não colocar tanto de mim no que eu escrevo...
E, um pouco diferente: eu encontro abrigo na leitura, e terapia na escrita.