quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Transição.


De vez em quando eu abro os olhos no escuro, pra ver se enxergo alguns contornos desconhecidos que em breve irão se tornar familiares. Fiz isso poucas vezes durante essa jornada incerta que eu chamo de vida, e hoje, sem querer, abri os olhos no escuro outra vez.
Quando a luz apagou e a escuridão veio, eu estava cega de medo. Cerrei os olhos com tanta força que chegaram a doer, e a certeza de que minha memória falharia era angustiante.
Fui tentando abrir os olhos, devagar, pálpebras trêmulas, ainda sem muita confiança. Ainda doeram, com toda aquela escuridão que eu não reconhecia fora de mim.
Durou poucos segundos; os primeiros contornos começaram a surgir devagar, as formas, as coisas ganhando essência, personalidade, tato. Foi aí que uma luz muito intensa interrompeu esse reconhecimento, tudo ficou claro, muito claro de repente, e então meus olhos voltaram a doer com toda aquela luz.
Não sei se faz sentido pra você, mas é como eu associo as mudanças nessa minha existência, nesse mundo não permitido que é o meu, que sou eu, meu lugar de ser só.
É como agora enxergo essa possível mudança de universo acadêmico que está prestes a acontecer. Você deve se perguntar: 'E por quê mudar agora?'
Te respondo: porque eu mudei. Não foi por querer mudar, mas eu mudei. Algumas chegadas e partidas desconstruíram meu estado sólido, e hoje sou éter, e tão logo em estado de condensação, serei líquida.
Que o tempo me faça enxergar quando encontrar meu caminho. Que o tempo permita o meu reencontro com quem eu deveria ser.
E que seja leve.



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